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quinta-feira, 2 de julho de 2009

♫Michael Jackson, o "Banzo" e o Mundo dos Astros♫

*Por Denise GuerraTentando elaborar a perda de um excelente cantor, compositor e excepcional dançarino, um ser que segundo as diversas declarações dadas à mídia sobre ele era de uma leveza e amabilidade ímpar, vemos também o lado da corporeidade adoentada advinda de uma imagem corporal desconstruída aos pedacinhos por alguns bisturis como uma flor despetalada.

Michael Jackson cantava quase sempre sobre o amor, aquele que provavelmente fez muita falta para o fortalecimento do seu eu; nosso astro dançava com requintes de floreados podais e gingados sensuais, movendo-se "quase como uma entidade"(comparação feita pelo menino, hoje jornalista, atropelado por Michael Jackson quando esteve no Brasil anos atrás - J.N. 26/06/09). O artista criativo, intempestivo e brilhante não se afinava tão bem com o ser humano triste, frágil e vulnerável no qual se transformou. Quando sentimos na dádiva da vida a alegria de viver vemos transbordar a felicidade, no entanto, a dor, a tristeza e a infelicidade de sentir um 'não pertencimento' pode ser comparado ao estado crítico do Banzo:


"Estado psicológico, espécie de nostalgia com depressão profunda, quase sempre fatal, em que caíam alguns africanos escravizados nas Américas. O termo tem origem ou no quicongo mbanzu, 'pensamento', 'lembrança', ou no quibundo mbonzo, 'saudade', 'paixão', 'mágoa'"(LOPES, 2004, p.99).


É como um caminho para a morte que a pessoa traça inconscientemente, por entender que não pertence a este espaço, meio, mundo. Michael Jackson pertenceu com certeza ao mundo dos astros divinos, mas, não viveu dentro do panteão a que realmente pertencia. Agora talvez, na condição de ancestral, com licença e explicação das palavras de Lopes(2004, p.58) "(...) A figura do ancestral é um símbolo que evoca seus atos; e a máscara ou estátua é o signo que manifesta sua presença espiritual entre os vivos", que lhe seja dado um espaço no astral, e eternizado sua passagem na terra na figura de uma "Calunga" estatueta representativa de qualquer entidade divinizada, ligada a Deus, ao mar e a morte (ibid, p.156). Thanks, Mister Jackson! You'll Be There!

I'll Be There
(Michael Jackson)
You and I must make a pact
We must bring salvation back
Where there is love, I'll be there
I'll reach out my hand to you,
I'll have faith in all you d
Just call my name and I'll be there
Chorus:
And oh - I'll be there to comfort you,
Build my world of dreams around you
I'm so glad that I found you
I'll be there with a love that's strong
I'll be your strength, I'll keep holding on
Yes I will, yes I will (...)

REFERÊNCIAS:

LOPES, Nei. Enciclopédia da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.

6 comentários:

Wanasema disse...

MJ era um artista extraordinário, porém uma mente conturbada como demonstrou. Pertinente a relação com o Banzo, Denise! bjs!!

Denise Guerra disse...

Obrigada por seus comentários sempre tão cuidadosos e carinhosos.É verdade o que vc disse, Ricardo, mas, segundo suas músicas se ele pudesse teria escolhido só caminho do amor como disse em I'll Be There: Where there is love, I'll be there. E nós também desejamos estar lá!Bjs!!!

Anônimo disse...

O caminho do amor...o que mais me impressiona na história de vida de MJ é a violência psicológica que ele sofreu na infância ! Bjs João Carlos

Denise Guerra disse...

Querido joão Carlos, obrigada por seus comentários! este é o melhor caminho para o qual a música pretende nos levar. Bjs!

Leandro D'Avila disse...

O incrivel paradoxo de um homem que segurou o mundo nas mãos mas vergou sob o proprio peso, o mito esgotou o homem.
Chegou a hora em que só havia lugar para um:
Partiu o homem, fraco, falho, cheio de dúvidas e contradiçoes.Permaneceu o mito, o gênio, forte, inabalável, irretocável, renovado e ainda mais forte.
Parabens pelo texto e pela sensibilidade em destrinchar o mito e revelar o homem...

Denise Guerra disse...

Meu anjo, sua sensibilidade toca como suas teclas dedilhadas de finíssima afinação e harmonia! obrigada pelo lindo comentário! bjs!

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*"Capoeira é de Todos e de Deus. Mundo e gentes têm mandinga, Corpo tem Poesia, Capoeira tem Axé"*

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♫SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS♫

  • *CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 6ª edição. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.
  • *COSTA, Clarice Moura. O Despertar para o outro: Musicoterapia. São Paulo: Summus Editorial, 1989.
  • * FREGTMAN, Carlos Daniel. Corpo, Música e Terapia. São Paulo: Editora Cultrix Ltda,1989.
  • *EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2003.
  • * FREYRE, Gilberto. Casa grande e Senzala. 50ª edição. São Paulo: Global Editora, 2005.
  • *HOBSBAWN, Eric J. História Social do Jazz. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
  • *LOPES, Nei. Bantos, Malês e Identidade Negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
  • *_________. Dicionário Escolar Afro-Brasileiro. São Paulo: Selo Negro, 2006.
  • *_________. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
  • *_________. O Negro no Rio de Janeiro e sua Tradição Musical: Partido Alto, Calango, Chula e outras Cantorias. Rio de Janeiro: Pallas, 1992.
  • PEREIRA, José Maria Nunes. África um Novo Olhar. Rio de Janeiro: CEAP, 2006.
  • *RAMOS, Arthur. O Folclore Negro do Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
  • *ROCHA, Rosa M. de Carvalho. Almanaque Pedagógico Afro-Brasileiro: Uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2006.
  • *___________. Educação das Relações Étnico-Raciais: Pensando referenciais para a organização da prática pedagógica. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.
  • *ROSA, Sônia. CAPOEIRA(série lembranças africanas). Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
  • *__________. JONGO(série lembranças africanas). Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
  • *___________. MARACATU(série lembranças africanas). Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
  • *SANTOS, Inaicyra Falcão. Corpo e Ancestralidade: Uma proposta pluricultural de dança-arte-educação. São Paulo: Terceira Margem, 2006.
  • *SODRÉ, Muniz. Samba o Dono do Corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.
  • TINHORÃO, José Ramos. Música Popular Brasileira de Índios, Negros e Mestiços.RJ: Vozes, 1975.
  • _________ Os sons dos negros no Brasil. São Paulo: Art Editora, 1988.