Trem e música: componentes tradicionais das comunidades negras nas Américas. Confirmando essa tradição, no início do século XX, e fugindo da perseguição imposta pela elite às práticas simbólicas negras, Paulo da Portela e seus companheiros de escola reuniam-se no trem (que foi transformado em "sede social"), na volta do trabalho, cantando e tocando samba.
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Bem mais tarde, em 1991, Marquinhos de Oswaldo Cruz (cantor e compositor portelense) vai também utilizar o trem como um espaço para reunião de sambistas. Também fugindo da repressão às vozes e ritmos negros, Marquinhos e um grupo de sambistas refazem no trem a rota da diáspora dos descendentes de escravos expulsos do centro da cidade. Buscavam mostrar à cidade, a música que era produzida no subúrbio e, em especial, no desconhecido bairro de Oswaldo Cruz.
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Um vagão de trem continuou a ser utilizado ainda em 1992. No entanto, foi em 1996 que o "Pagode do Trem" passou a comemorar o Dia Nacional do Samba. Assim, Marquinhos inventa uma forma original de celebrar o dia 02 de dezembro, relembrando a trajetória do povo negro que com a reforma Pereira Passos, foi expulso dos lugares nobres da cidade para os subúrbios e morros.
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Nesse ano, em conjunto com a comemoração do Dia Nacional do Samba, propomos a realização de um colóquio onde discutiremos a história da cultura musical negra brasileira, que contará com a presença de pesquisadores renomados, além de artistas do mundo do samba.
A Culminância do Evento acontecerá no dia 02/12/09 DIA NACIONAL DO SAMBA com o evento TREM DO SAMBA saindo da Estação Central do Brasil.
*Coordenação Geral: Profª Dra Denise Barata – UERJ Comissão Organizadora: Marcos Sampaio de Alcantara (Marquinhos de Oswaldo Cruz) – Cantor e Compositor e Mestrandos da UERJ.
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*REALIZAÇÃO:
*Laboratório de Oralidade e Memória Africana e da Diáspora
*Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana
*Universidade do Estado do Rio de Janeiro
*Rua São Francisco Xavier, 524 - Pavilhão João Lyra Filho12° Andar - Bloco F - Sala 12.111 - Maracanã - Rio de Janeiro.
Um comentário:
Queridona,
Citando Paulo da Portela, fui nas lembranças e deixo aqui um dos maiores sambas de todos os tempos.
Portela (1984)
"Contos de Areia"
(Dedé da Portela e Norival Reis)
Ê Bahia...
Bahia é um encanto a mais
Visão de aquarela
E no ABC dos Orixás
Oranian é Paulo da Portela
Um mundo azul e branco
O deus negro fez nascer
Paulo Benjamim de Oliveira
Fez esse mundo crescer (okê, okê)
Okê-okê Oxossi
Faz nossa gente sambar
Okê-okê, Natal
Portela é canto no ar
Okê-okê Oxossi
Faz nossa gente sambar
Okê-okê, Natal
Portela é canto no ar
Jogo feito, banca forte
Qual foi o bicho que deu?
Deu Águia, símbolo da sorte
Pois vintes vezes venceu
É cheiro de mato
É terra molhada
É Clara Guerreira
Lá vem trovoada
É cheiro de mato
É terra molhada
É Clara Guerreira
Lá vem trovoada
Epa hei, Iansã! Epa hei!
Epa hei, Iansã! Epa hei!
Na ginga do estandarte
Portela derrama arte
Neste enredo sem igual
Faz da vida poesia
E canta sua alegria
Em tempo de Carnaval
Ê Bahia...
OKê, okê...
Beijos.
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