*Dia 26 de julho Conceição Evaristo ministrará a palestra de solenidade de abertura do VI Copene, discursando sobre o tema principal do Congresso: “Afrodiasporas: saberes pós-coloniais, poderes e movimentos sociais”.
Doutoranda em Letras (Literatura Comparada) pela UFF- Universidade Federal Fluminense, com Mestrado em Letras pela PUC Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1996) e Graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990), Conceição Evaristo atua nas áreas de Letras e Educação, com ênfase em gênero e etnia.
Poetisa e romancista, cuja obra literária tem sido estudada por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, tem parte da sua produção poética publicada em Cadernos Negros, editados pela Quilombhoje. Seus romances, Ponciá Vicêncio (1ª. Edição em 2003 e 2ª. Edição em 2005) e Becos da Memória (2006), foram editados pela Mazza Edições, tendo sido o primeiro selecionado para o Concurso de Vestibular 2008 para ingresso na UFMG, e traduzido para a língua inglesa, em edição da Host Publications, Inc., USA.
Atua também como assessora e presta consultoria em assuntos afro-brasileiros, literatura, educação, gênero e etnia a pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
A autora é também conhecida mundialmente por suas estórias e reflexões sobre questões relacionadadas à tematica do universo feminino e da cultura afro.
Em entrevista concedida à Revista Raça Brasil, a Drª Conceição Evaristo critica os estereótipos artísticos que pairam sobre a mulher negra e defende a educação como a melhor ferramenta de acesso à igualdade.
Leia a seguir uma de suas poesias. Esta já é uma amostra da sensibilidade e importância de sua obra, além de um bom presságio do que presenciaremos no dia 26 de julho, na solenidade de abertura do VI COPENE!
Conceição Evaristo: “De mãe”
O cuidado de minha poesia
Aprendi foi de mãe
mulher de pôr reparo nas coisas
e de assuntar a vida.
A brandura de minha fala
na violência de meus ditos
ganhei de mãe
mulher prenhe de dizeres
fecundados na boca do mundo.
Foi de mãe todo o meu tesouro
veio dela todo o meu ganho
mulher sapiência, yabá*,
do fogo tirava água
do pranto criava consolo.
Foi de mãe esse meio riso
dado para esconder
alegria inteira
e essa fé desconfiada,
pois, quando se anda descalço
cada dedo olha a estrada.
Foi mãe que me descegou
para os cantos milagreiros da vida
apontando-me o fogo disfarçado
em cinzas e a agulha do
tempo movendo no palheiro.
Foi mãe que me fez sentir
as flores amassadas
debaixo das pedras
os corpos vazios
rente às calçadas
e me ensinou,
insisto, foi ela
a fazer da palavra
artifício
arte e ofício
do meu canto
de minha fala
*
(In Cadernos Negros – poemas – vol.25- 2002)
*Fonte:
*Enviado através de email pelo pessoal do DENEGRIR-UERJ.
*
3 comentários:
Drª Conceição Evaristo (...) e defende a educação como a melhor ferramenta de acesso à igualdade.
Pronto, disse tudo.
Bjs.
É isso aí Guará, esta profª Drª sabe tudo, quem foi seu aluno sabe da importância desta voz nos nossos pensamentos e ouvidos. Bjs!
Concordo que a educação é a melhor ferramenta de igualdade.
Que poema e homenagem mais lindo que fez para a mãe.
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
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