♫AMIGOS DO AFRO CORPOREIDADE♫

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

*Exposição "PICHA" - QUADRINHOS AFRICANOS - Museu Afro Brasil - São Paulo - 14/10 a 08/11/09*

Falar sobre as HQs da África, como um todo, seria um sacrilégio, pela enormidade de sua extensão geográfica e as culturas multifacetadas que abrigam. Apesar de não estarem mencionados nas grandes enciclopédias os quadrinhos africanos sempre existiram e ainda existem em certos países, com uma produção marcante.

Todos nós conhecemos muito mais sobre as HQs que têm como cenário a África do que propriamente daquilo que se publica naquele imenso continente, composto por 54 países de etnias, culturas e religiões tão diversas. Na maioria das vezes, as informações e imagens dos quadrinhos nos chegam através do exótico, da informação estereotipada e preconceituosa, seja do ponto de vista europeu, americano, asiático e até mesmo brasileiro. Nas aventuras que têm como cenário a África, o continente é mostrado como um lugar misterioso, sem fronteiras definidas, onírico, mítico, legendário, romântico, mas também paupérrimo primitivo e sem cultura.

Segundo Sonia Luyten a Tradição Oral de contar histórias foi a grande inspiração para o registro impresso das histórias em quadrinhos. Na África não foi diferente, e é muito mais intensa e significativa. A tradição oral faz parte de sua cultura e as histórias até hoje são transmitidas de geração para geração. Desde a Antigüidade, o conto sempre teve um lugar especial dentro do universo africano. Ele é concebido pelo grupo e para o grupo, sendo o veículo por excelência da sabedoria tradicional.

O percurso natural para o desenvolvimento das Histórias em Quadrinhos nos diversos países da África, como ocorreu em outros continentes, foi interrompido a partir do século XV e, mais intensamente, nos séculos seguintes com a "interferência" do encontro entre as culturas ocidentais e africanas. Após a conquista da independência de muitos países africanos do jugo colonialista, o que restou foi uma imensa dificuldade de reconstrução, recomeço e escolha de seu próprio caminho. Isto porque o contato com o colonizador deixou marcas profundas para readquirir a auto-estima de um lado, e a batalha constante de enfrentar a fome e dissidências tribais, de outro.Portanto, as dificuldades na área editorial foram e são ainda imensas. Estes empecilhos financeiros e técnicos ainda tornam alguns países africanos co-dependentes de outros nas áreas da Literatura, Artes e também nas Histórias em Quadrinhos.

Desta forma, uma das primeiras revistas de quadrinhos foi publicada em Angola (e figura entre as pioneiras do continente) e, infelizmente, é de autoria anônima. Trata-se de A vitória é certa - Manual de alfabetização, editada em 1968, em Luanda, pelo Movimento PopulEsta produção da África negra reflete a tradição oral, e as Histórias em Quadrinhos podem ser encaradas como um ponto de articulação entre a oralidade e a escrita, entre a tradição e a modernidade. A tradição oral da sociedade africana tem como base o conto que, como vimos, além de ter um alcance essencialmente didático, é também fonte de entretenimento. As histórias se transportam do real para o fantástico e oferecem às crianças uma fonte inesgotável de elementos para a imaginação.

Apesar da crise econômica mundial, a África desponta no meio dos quadrinhos com uma enorme quantidade de autores, festivais e álbuns publicados. Muito deles são usados de forma educativa, como os gibis que alertam os soldados sobre os perigos da AIDS na Etiópia. As HQs são muito populares no continente, seja de ficção ou não, como a biografia de Nelson Mandela quadrinizada na África do Sul. E se por um lado o baixo custo é um facilitador, o mercado ainda esbarra na falta de canais de distribuição das revistinhas.
A própria tradição africana da transmissão de sua cultura pela oralidade, com seus contos, tem um caráter didático dentro do entretenimento.

Para expor um pouco da produção e das características do quadrinho africano, no próximo dia 14 será inaugurada a exposição “Picha” no Museu Afro Brasil de São Paulo. Picha na língua Swahili, ou suali, quer dizer “desenho” e é uma corruptela da palavra inglesa “picture”, imagem. Composta de desenhos originais, publicações e páginas da imprensa local com HQs, a mostra chega ao Brasil após uma turnê pela Holanda, Nigéria e Espanha, onde esteve entre maio a junho deste ano.

Apesar de ser um evento dedicado a África, há participação de outros artistas: David Brown (dos Estados Unidos) e Maurício Pestana (do Brasil) que segundo a professora e curadora Sonia Bibe Luyten a interação entres estes artistas é para que possamos ter uma visão do que se produz lá e o que os afro-descendentes estão produzindo aqui. É única na História”. A exposição teve sua origem na Holanda com reunião de um banco de dados do que se fazia na África em HQs. A convite dos holandeses, Sonia foi lá conferir pessoalmente e manifestou o interesse em trazer para cá.

Para incentivar as pessoas a comparecer no dia da inauguração, Sonia anuncia uma mesa de debates com especialistas sobre HQ onde aparecem negros. “Há um pesquisador da USP em SP, o nissei Nobu Shinen que fez seu mestrado sobre isto”. E mais: “haverá também workshops para professores e alunos, pois as HQs africanas têm seu lado didático. Como é um meio barato, usam para combater violência, corrupção, drogas, etc”.

*Exposição “Picha” − Quadrinhos africanos
*Data: 14 de outubro a 8 de novembro, das 10h às 17h.
*Na abertura, conferências às 20h no auditório
*Conferencistas: David Brown, Mauricio Pestana, Nobuyoshi Chinen e Sonia Luyten, entre outros.

*Museu Afro Brasil − Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº Parque Ibirapuera, São Paulo. Tel (11) 5579-0593.
*Entrada franca.

*Fontes:
*Pedro Luna
http://www.jblog.com.br/quadrinhos.php?itemid=16334#nucleus_cf

*Sonia M. Bibe Luyten
http://www.universohq.com/quadrinhos/2004/sonia09.cfm

6 comentários:

Guará Matos disse...

É isso, vamos prestigiar!
Um grande beijo e um final de semana cheio dealegria e remelexo.
Valeu!

Anônimo disse...

Gente, muito obrigada pela divulgação e a matéria. Espero todos vocês e seus leitores no dia da inauguração, 14 de outubro, a partir das 18h30 no Museu Afro. Sonia Luyten - curadora de Picha no Brasi,

Denise Guerra disse...

Olá Profª Sônia, é um prazer receber sua visita no blog, nós é que agradecemos tamanha iniciativa quanto a este evento maravilhoso no Brasil. Gostaria muito de estar na inauguração, mas o trabalho aqui no Rio me impede. Será que vamos receber esta exposição no Rio de Janeiro? Muito sucesso para o evento, seja sempre bem-vinda! Um forte Abraço!

diario da Fafi disse...

Dê,

cada vez vc me surpreende mais com as informações maravilhosas que trás pra nós seus leitores.
Amo isso aqui.

Denise Guerra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Denise Guerra disse...

Oi Fátima, Obrigada pela visita e pelas palavras carinhosas e incentivadoras, Vc é mesmo VIP!!! Fico muito feliz em tê-la por perto especialmente pelo trabalho que desenvolve nos blogs onde ser sua seguidora é muito pouco, o melhor mesmo é ser sua aprendiz!!! Bjinhos!!!

14 de Outubro de 2009 18:29

♫ESCOLA DE MÚSICA PENTAGRAMA♫ Direção Mapinha * Músico-Professor♫

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♫VIOLÃO * CAVAQUINHO * GUITARRA * BAIXO * FLAUTA * SAXOFONE * TROMPETE * TROMBONE * CLARINETE * GAITA * PIANO * TECLADO * CANTO * BATERIA * PERCUSSÃO GERAL♫ RUA IGARATÁ, Nº566 - MARECHAL HERMES - Rio de Janeiro* TEL(S):3456-1510/8133-3559* www.empentagrama.kit.net

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*"Capoeira é de Todos e de Deus. Mundo e gentes têm mandinga, Corpo tem Poesia, Capoeira tem Axé"*

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*Frase do Livro "Feijoada no Paraíso" Besouro*

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♫SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS♫

  • *CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 6ª edição. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.
  • *COSTA, Clarice Moura. O Despertar para o outro: Musicoterapia. São Paulo: Summus Editorial, 1989.
  • * FREGTMAN, Carlos Daniel. Corpo, Música e Terapia. São Paulo: Editora Cultrix Ltda,1989.
  • *EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2003.
  • * FREYRE, Gilberto. Casa grande e Senzala. 50ª edição. São Paulo: Global Editora, 2005.
  • *HOBSBAWN, Eric J. História Social do Jazz. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
  • *LOPES, Nei. Bantos, Malês e Identidade Negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
  • *_________. Dicionário Escolar Afro-Brasileiro. São Paulo: Selo Negro, 2006.
  • *_________. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
  • *_________. O Negro no Rio de Janeiro e sua Tradição Musical: Partido Alto, Calango, Chula e outras Cantorias. Rio de Janeiro: Pallas, 1992.
  • PEREIRA, José Maria Nunes. África um Novo Olhar. Rio de Janeiro: CEAP, 2006.
  • *RAMOS, Arthur. O Folclore Negro do Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
  • *ROCHA, Rosa M. de Carvalho. Almanaque Pedagógico Afro-Brasileiro: Uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2006.
  • *___________. Educação das Relações Étnico-Raciais: Pensando referenciais para a organização da prática pedagógica. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.
  • *ROSA, Sônia. CAPOEIRA(série lembranças africanas). Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
  • *__________. JONGO(série lembranças africanas). Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
  • *___________. MARACATU(série lembranças africanas). Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
  • *SANTOS, Inaicyra Falcão. Corpo e Ancestralidade: Uma proposta pluricultural de dança-arte-educação. São Paulo: Terceira Margem, 2006.
  • *SODRÉ, Muniz. Samba o Dono do Corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.
  • TINHORÃO, José Ramos. Música Popular Brasileira de Índios, Negros e Mestiços.RJ: Vozes, 1975.
  • _________ Os sons dos negros no Brasil. São Paulo: Art Editora, 1988.