*Por Denise Guerra*
*Cena da peça com os personagens Zeca e Luarmina*
Mar me quer é um espetáculo de luzes, cores, sons, sonhos, fantasias, oralidade, criatividade e muito mais, que assisti no FESTLIP – SESC Tijuca, em 05/07/09. Aliando o contexto da tradição de contar histórias à volta da fogueira, unindo luminosas e sonoras tecnologias, com o esplêndido texto do autor moçambicano Mia Couto, o Grupo Tijac superou todas as expectativas do público que não parava de aplaudi-los.
O cenário simples e inebriante nos fez viajar além mar encobrindo mistérios de vida e morte, ancestrais e viventes. As luzes pintaram o tom do mar, do céu, das nuvens, das aves, da fogueira, dos homens e da energia vivida. Tecidos, penas, sombras e flores invisíveis amarraram e desataram os nós do tear da trama. Os sons da natureza, dos animais, dos tambores e de outros instrumentos musicais tocaram na magia do ir e vir dos personagens e suas narrativas.
Entre as figuras dramáticas principais um griot contava as histórias das famílias e ligava-as do presente ao passado e vice-versa. Uma velha de nome Luarmina desfolhava a invisibilidade das flores parecendo virar páginas do tempo e do saber, escolhendo quiçá um amor intangível. E Zeca Perpétuo, também “o dono das preguiças”, vivia das lembranças que não queria lembrar, mas, que nunca eram esquecidas. Por fim, os antepassados entram em cena como misteriosos personagens que ligam a linha do tempo, o vento, as águas do mar, os homens e o sagrado.
Da acústica ouviu-se timbres, vozes, ecos, pulsações e destinos traçados pelo Ifá(oráculo africano). Pode-se dizer que a força das palavras africanas trouxeram a profundidade e a leveza, o segredo e a revelação, o visível e o invisível através dos atores. Assim, o autor desfiou a circularidade da cosmogonia africana(visão de mundo) que refazendo os caminhos iniciais, provocou benquerenças, encantamentos e desejos de bis! Warethwa (vá em frente)!
O cenário simples e inebriante nos fez viajar além mar encobrindo mistérios de vida e morte, ancestrais e viventes. As luzes pintaram o tom do mar, do céu, das nuvens, das aves, da fogueira, dos homens e da energia vivida. Tecidos, penas, sombras e flores invisíveis amarraram e desataram os nós do tear da trama. Os sons da natureza, dos animais, dos tambores e de outros instrumentos musicais tocaram na magia do ir e vir dos personagens e suas narrativas.
Entre as figuras dramáticas principais um griot contava as histórias das famílias e ligava-as do presente ao passado e vice-versa. Uma velha de nome Luarmina desfolhava a invisibilidade das flores parecendo virar páginas do tempo e do saber, escolhendo quiçá um amor intangível. E Zeca Perpétuo, também “o dono das preguiças”, vivia das lembranças que não queria lembrar, mas, que nunca eram esquecidas. Por fim, os antepassados entram em cena como misteriosos personagens que ligam a linha do tempo, o vento, as águas do mar, os homens e o sagrado.
Da acústica ouviu-se timbres, vozes, ecos, pulsações e destinos traçados pelo Ifá(oráculo africano). Pode-se dizer que a força das palavras africanas trouxeram a profundidade e a leveza, o segredo e a revelação, o visível e o invisível através dos atores. Assim, o autor desfiou a circularidade da cosmogonia africana(visão de mundo) que refazendo os caminhos iniciais, provocou benquerenças, encantamentos e desejos de bis! Warethwa (vá em frente)!
*Elenco da peça "Mar Me quer", Grupo Tijac -
Moçambique e Reunião, com o músico Matchume
ao centro ao lado dos expectadores André e Denise Guerra*
ao centro ao lado dos expectadores André e Denise Guerra*
*Sinopse do Espetáculo “Mar me quer” de Mia Couto*
A beira do Oceano Índico, Zeca Perpétua só tem olhos para a sua vizinha, a mulata Dona Luarmina que passa a maior parte do seu tempo arrancando folhas de uma flor invisível. As conversas cotidianas deles vão muitas vezes para caminhos estranhos. Pouco a pouco, vão confessar-se segredos pesados.“Chaminé que construísse em minha casa não seria para sair o fumo, mas para entrar o céu.”
Ficha Técnica:
Texto: Mia CoutoAdaptação e Direção: Mickael Fontaine
Elenco: Branquinho Adelino, Graça Silva, Leonardo Nhavoto e Zango Candido Salomão
Duração: 01:00h
Música: Matchume
Técnico: Hassan Aboudakar
2 comentários:
Belo texto, Denise! Deslumbramento total com Cia. Tijac! Bjs!!
Obrigada Ricardo! Também, não tem como não ficar deslumbrada com Mia Couto! Adorei, vê-los e escrever sobre o trabalho! Bjs!
Postar um comentário